Quero chorar, quero gritar, quero dormir, deixar de pensar! Quero tudo mas não quero nada.
Estou inseguro, na segurança das páginas deste velho caderno. Estou confuso, não quanto àquilo que sinto, mas sim em relação à natureza das pessoas. Quanto à sua mesquinhice, quanto à sua malvadez, quanto à sua capacidade de excluir.
Sinto tudo (raiva, ansiedade, medo, tristeza) mas acabo por não sentir nada. Sinto um vazio dentro de mim, como se dentro de mim não houvesse nada. Quando respiro sinto o ar passar por mim a dentro, a invadir - me corpo, como se mais nada estivesse dentro. Este vazio é mau. Magoa. Este vazio faz - me pensar que me faz falta alguém. Mas primeiro tenho que construir os alicerces para a minha felicidade: a Verdade! A verdade terá de ser revelada aos que mais amo, em breve.
Não aguento este sentimento de angústia. De ansiedade. De medo.
O sono tende a faltar num momento destes. Num momento em que já me decidi entregar - Lhes a Verdade. Será hoje à noite depois do jantar que a verdade será, por fim, revelada.
Não consigo guardar um segredo, sou impulsivo. Mas não sei se estou preparado para "A Conversa".
O medo invade - me, atira para o lixo a coragem e acelera o meu coração quase a ponto de explodir.
Mas será medo?
Ou será antes ansiedade?
Ou um misto de ambas as reacções?
Estou confuso. Eu sei o que sinto. Sei o que sou. Mas estou confuso!
A minha cabeça está baralhada (mais do que uma cidade depois de um furacão passar), imagino cenários tão parvos, terríveis e inconcebíveis!
Ai como eu gostava que isto fosse apenas um sonho. Que quando estivesse prestes a revelar - Lhes, acordasse, de repente.
Nos mais parvos pensamentos, imagino que anos mais tarde a Lhes ter contado, começo a gostar de raparigas. OMG! É por isto que estou confuso. Se calhar sou só eu que ainda não percebo muito bem a Vida, ou o Destino. Se calhar não Lhes devia contar já. Mas eu sei o que sinto. Gosto de rapazes!
Estou confuso, sem sono e nervoso.
Ai! Agora percebo o quão complexa é a Vida. Ou melhor dizendo, o quão complexo é o nosso pensamento.
Já nem a música me ajuda a esquecer. Já nada me distrai. Contínuo sempre a pensar, a pensar, a pensar. Sempre a pensar no facto de ser gay, no facto de não saber o que pensam Eles acerca disto. Escrever liberta - me o pensamento, mas faz - me pensar mais profundamente. Acho melhor acabar por agora (sim!, por agora porque se "se sair do armário" mais logo, terei muito para escrever) e ir dormir. Com o pensamento liberto e mais leve, pode ser que consiga cair no abismo de mim mesmo o mais rápido possível!
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